Um susto (quase) irreparável

Imagina você, logo após ter feito um exame de HIV, receber uma ligação dizendo que o teste deu positivo? Com certeza você não iria morrer na hora, porém a morte estaria mais presente nos seus pensamentos do que antes. Foi exatamente isso que aconteceu com uma mulher em Mato Grosso do Sul. Contudo, o resultado estava errado.

No momento em que ela recebeu a notícia, ficou devastada. Porém, resolveu procurar outra clínica e repetir os exames. Felizmente, desta vez o resultado deu negativo. Seu marido, depois do grave susto, também se submeteu a um exame de AIDS, porém nenhum vírus foi detectado em seu organismo.

Ciente de seus direitos como cidadã, a vítima buscou meios legais de ser indenizada, e hoje, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul condenou o laboratório de análises clínicas a pagar R$ 15,3 mil de indenização por danos morais.

É lógico que a quantia é grande, porém, do susto ela nunca mais irá esquecer. "É sabido que o diagnóstico equivocado apontando a presença do vírus HIV no organismo de alguém, por si só, mostra-se capaz de desestruturar a vida de toda uma família, sobretudo a vida conjugal de um casal, quando a fidelidade mútua é colocada à prova. (...) No caso concreto, o que se verifica é o resultado de um exame que provoca um efeito efetivamente terrível para qualquer pessoa. Por isso, não se pode admitir o questionado proceder do laboratório. Feito o exame, apresentado o resultado com a conclusão errada, segue-se o efeito devastador para a pessoa, até que se demonstre o contrário", declarou o desembargador Sérgio Fernandes Martins, relator do caso, após a tentativa sem sucesso do advogado do laboratório de justificar o erro cometido.

Para se defender, o laboratório disse que seus resultados sempre trazem impressa a informação que exames complementares podem eventualmente ser necessários para a confirmação de uma doença e, por mais que essa desculpa não tenha funcionado, o advogado do laboratório Hormonal, Sebastião Pereira da Costa, afirmou que irá recorrer da decisão, pois, segundo ele, "não havia motivos para revogar a decisão de primeira instância, que havia sido tomada com o amparo de provas e documentos".

Como essa história vai terminar, ainda não sabemos. Todavia, o importante é que a vítima está salva da AIDS e, apesar do susto, talvez ela possa se recuperar e voltar a ter vida que costumava ter antes.

Por Carolina Flor