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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Arilson Freires relata suas experiências com o jornalismo regional no III Congresso Seama de Comunicação


"O bom jornalista precisa reaprender a se surpreender - enxergar as coisas como se as visse pela primeira vez - para transmitir isso aos telespectadores"


Na noite amena do dia 29 de abril, assistimos a uma palestra essencial para o nosso curso de Jornalismo. Trata-se da palestra sobre o Jornalismo Regional, ministrada por Arilson Freires Gomes, gerente de jornalismo da TV Amapá, com mais de uma década de experiência.

Arilson Freires iniciou a palestra didática analisando a televisão como um meio de transformação social e de diminuição das distâncias culturais. Isso se deve, diz ele, ao fato de a televisão brasileira ser acessível à grande parcela da população.

De acordo com Freires, muitas pessoas assistem a TV como única fonte de informação, por isso, os telejornais são vistos, muitas vezes, como uma programação confiável. Isso faz com que a responsabilidade dos jornalistas seja redobrada.

É por essas e outras que os jornalistas precisam evitar, com todo o esforço necessário, cometer erros e quando houver erros estes devem ser assumidos e reparados com rapidez.

Contextualização

Freires explicou que conhecer previamente o contexto ao qual está inserido o telespectador, tanto a situação cultural, social ou econômica permite ao jornalista elaborar roteiros cujos textos sejam esclarecedores.

As imagens, por sua vez, devem proporcionar ao telespectador uma inter-relação entre os fatos falados. As imagens, dessa forma, devem remeter ao receptor da notícia dados registrados em sua memória visual, emocional e espacial.

O jornalista precisa ler sempre para se manter atualizado sobre os acontecimentos da cidade e saber contextualizar fatos antigos na matéria, se for relevante fazê-lo. “Leitura é fundamental para a contextualização de uma matéria”, destaca Freires.

Segundo Freires, é muito importante aos jornalistas desenvolver um estilo para escrever, editar e fazer matérias ou reportagens. Esse estilo trará um grande diferencial no mercado de trabalho.

Outro assunto interessante abordado na palestra foi a questão de escutar o entrevistado: “Os jornalistas precisam reaprender a ouvir”, afirma Freires.

Ele lembra que existem muitos jornalistas que enumeram várias perguntas e não se preocupam em escutar o entrevistado quando este deixa um gancho para uma nova pergunta que seria interessante para o público.

Texto falado e não narrado

Segundo Freires, uma das maiores precauções do jornalista televisivo tem de ser com o uso da linguagem. O texto deve ser produzido em linguagem coloquial, que está mais próxima do linguajar das pessoas.

Quando se diz que o texto não pode ser narrado, isto significa que o texto não poderá ser feito de maneira que a leitura se torne forçada, ou seja, o texto tem de ser feito como se fosse uma conversação.

As imagens, por sua vez, devem oferecer composição visual dentro da existente no ambiente de vida do telespectador. “A TV não pode apenas contar um fato, ela precisa, acima de tudo, mostrar”, afirma Freires.

O repórter, segundo ele, dirige diariamente um novo filme baseado em histórias reais. E é de suma importância ao jornalista investir em conhecimentos para saber lidar com todas as áreas jornalísticas: cinegrafia, edição, redação jornalística, etc.

O mercado de trabalho preza por um profissional multifuncional, daí a importância do canudo de jornalismo. A busca por mais conhecimento sempre será importante e nunca perderá seu valor.

Apresentação das matérias regionais exibidas pela Rede Globo

Arilson Freires apresentou três matérias produzidas por ele e exibidas pela Rede Globo. Dentre elas, uma, em especial, provocou alegria e risos na plateia.

Foi a matéria da Vovó Iaiá, uma senhora de cem anos que voou num paraquedas. Foram 22 segundos de queda livre. A vovó ria para a câmera e gesticulava mandando tchauzinhos para quem assistia ao programa "Mais você" da Ana Maria Braga.

Para Arilson, o bom jornalista precisa reaprender a se surpreender - enxergar as coisas como se as visse pela primeira vez - para transmitir isso aos telespectadores.

***

É como descreve, com muita criatividade, Jostein Gaarder, em "O Mundo de Sofia".

Trecho do livro “O Mundo de Sofia”

Um coelho branco é tirado de dentro de uma cartola. E porque se trata de um coelho muito grande, este truque leva bilhões de anos para acontecer.

Todas as crianças nascem bem na ponta dos finos pêlos do coelho. Por isso, elas conseguem se encantar com a impossibilidade do número de mágica a que assistem.

Mas, conforme vão envelhecendo, se arrastam cada vez mais para o interior da pelagem, por onde ficam. Lá embaixo é tão confortável que elas não ousam mais subir até a ponta dos finos pêlos, lá em cima.

Só os filósofos têm ousadia para se lançar nesta jornada rumo aos limites da linguagem e da existência.

Alguns deles não chegam sequer a concluí-la, mas outros se agarram com força aos pêlos e berram para as pessoas que estão lá embaixo, no conforto da pelagem do coelho, enchendo a barriga de comida e bebida:

— Senhoras e senhores — gritam eles —, estamos flutuando no espaço!

Mas nenhuma das pessoas lá de baixo se interessa pela gritaria dos filósofos.

— Deus do céu! Que caras mais barulhentos! — elas dizem.

E continuam a conversar: será que você poderia me passar a manteiga? Qual a cotação das ações hoje? Qual o preço do tomate? Você ouviu dizer que a Lady Di está grávida de novo?

***

E você está em que parte da pelugem do coelho?

Isabella Araujo – SEAMACOM

7 comentários:

Camila Ramos disse...

Muito bom, Isa. VocÊ mais uma fez um ótimo resumo.
O desafio de fazer com que o jornalismo regional tome posição de relevância a âmbito nacional ou mundial sem ter necessariamente que ser negativo ao estado está diretamente relacionado à capacidade dos jornalistas de conseguirem sair do cercado das matérias óbvias e sem sal.
Mandar para a Globo nacional as matérias que passam aqui na TV local é o cúmulo da vergonha alheia. Eu, que moro aqui, já não me interesso muito pelo que mostram! Às vezes não é nem pelo O QUÊ mostram, mas sim COMO mostram.
Temos que surpreender o Brasil, surpreender com matérias interessantes e bem produzidas. Temos tanta riqueza natural e personalidades interessantes entre nós... Precisamos saber explorar isso. Necessitamos ver o Amapá como o belo lugar que esquecemos de enxergar como deveríamos, talvez ofuscados pelo brilho artificial das grandes metrópoles ou quem sabe pelo complexo de inferioridade dos caboclos que moram dentro de nós.

neide rosario disse...

ultimo dia do concresso foi de mais,com o publicitario lula viera,valeu apenas esperar.até o proximo concresso do seama,aguarderei ansiosa,não só eu,mais todos os que contribuiram para esse evento acontecesse.

neide rosario disse...

valeu!seama por mais um concresso,isto so em riqueresse o nosso curriculo.

neide rosario disse...

valeu!seama por mais um congresso,isto so em riqueresse o nosso currículo.

neide rosario disse...

ultimo dia do congresso foi de mais,com o publicitario lula viera,valeu apenas esperar.até o proximo congresso do seama,aguarderei ansiosa,não só eu,mais todos os que contribuiram para esse evento acontecesse.

Anônimo disse...

umum puxa saco do Lula!

Prof. Jefferson disse...

Boa cobertura jornalística. Parabéns!